domingo, 11 de março de 2012

Reflexões sobre a fala do jardineiro...

Outro dia postei no meu facebook a observação do meu jardineiro sobre minha vida afetiva. Junto com a descoberta de que tenho um jardineiro filósofo, veio a reflexão...

Ele, um senhor mais velho do que eu, que só me chama de "dona" ou "senhora" (eu fico me sentindo velhíssima cada vez que escuto uma dessas), e que geralmente abre a boca só pra dizer que acabou o serviço, me soltou no final de uma manhã:

-Dona Samanta, quando eu cheguei as 7, a sra já estava lá pintando os seus ferrinhos. Depois eu ví a sra lavando a louça. Em seguida eu ouví a sra lá dentro, acho que com uma furadeira. Agora a sra está aí na cozinha com esse cheiro de comida que meu deus do céu... É por isso que a sra não consegue parar com um namorado, os homens não aguentam isso não!  E, dando uma baita risada, virou as costas, e foi embora, me deixando alí com cara de perplexa...

Quando ele voltou do almoço, perguntei o que ele queria dizer com aquilo, ao que ele respondeu:

-Eu disse isso? Sei de nada não sra! Só sei que é bom o seu jardim ser bem grande... E soltou outra risada.

Minha amiga Telminha, que é uma pisciana bem filósofa também e entendedora do "gênero" humano, me deu uma explicação bem interessante... Disse ela:

-Eu entendi perfeitamente, o que ele quis dizer é que se vc faz tudo o que seria do departamento masculino e tudo que seria do departamento feminino qual é a função do homem na sua vida? Os homens mesmo, os de verdade, querem ser úteis, aliás eles deveriam ser os provedores. Hoje com tudo mudado, nós aprendemos a nos virar sozinhas, a ser independentes e ficamos solitárias porque eles perderam a função...logo os relacionamentos não duram. Meu pai que é um senhor de 80 anos disse outro dia: "Eu prometi à minha sogra que cuidaria da minha mulher", essa sempre foi a função do homem, cuidar de sua família e hoje em dia, quem cuida da família são as mulheres e sozinhas.

Será que é isso? Será que eles precisam se sentir necessários e imprescindíveis? Precisam ouvir "ai, eu não vivo sem você"?
É claro que receber ajuda quando realmente se precisa é ótimo, viví isso no meu último namoro, quando tive uma crise de labirintite no meio da mudança de casa, e realmente não sei como teria feito sem o apoio de Renato e Andrea (namorado na época e amiga respectivamente). Lógico que somos codependentes de outros para crescer e evoluir, para nos burilar, pois só em sociedade nos colocamos em situações não ideais e nos damos conta de nossas reações a elas. Mas construir relacionamentos para ter uma função na vida é um pouco demais!! A função na vida um do outro tem que ir se construindo pelo que vai acrescentando, pelo que vai se descobrindo. Não dá pra eu pintar um quadro com minha vida e deixar um quadrado em branco bem no meio e esperar que alguém se encaixe naquele espaço vazio. Minha vida tem que ser um quadro completo, a vida do outro um outro quadro completo, e aprendemos com o quadro um do outro...
Me desculpem, mas eu não quero alguém que cuide de mim! Aliás, detesto aquelas frasezinhas que dizem "Procura-se: Alguém que não diga 'se cuide', mas sim 'eu cuido de você'". Esse tipo de pensamento cria relações de dominação. Eu quero relações de cumplicidade, onde cada um respeita o espaço do outro, não faz mais do que pode e não cobra os favores que faz.

Quero poder dizer "olha, eu vivo muito bem sem, mas é muito melhor viver com você!". E tenho dito!

foto by Léo Recski


2 comentários:

  1. kkk...tá explicado então, é que esses que tem a percepção que podem ser companheiros e não os dominantes ainda são raros, principalmente na nossa geração...mas ainda acredito que existem! E vou morrer acreditando! Bj, minha flor!

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    1. Vou morrer acreditando também!!
      (mas que está quase como aquele pedaço do filme "Peter Pan" : Eu acredito em fadas! acredito! Acredito! Acredito!, ahhhh isso tá!!) rsrsrs

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