segunda-feira, 2 de abril de 2012

Monólogo da Sombra

(mais um capítulo do livro)

Quer briga?
Tenho preguiça de briga... ignoro, suspiro, repenso. No último minuto ainda fecho a boca (ou freio os dedos, nesse mundo internauticamente ligado) para que o mal seja menor e a ofensa não tão arrasadora. Sou mansa. Sabe? Pele macia, e se pele é o limite entre eu e o mundo, eu quero esse limite bemmm doce.

Mas não, você não quer briga, quer simplesmente ganhar.

Quer impôr sua verdade, fica dizendo frases idiotas como "eu espero que você abra mão de suas convicções e se permita ser feliz".

... É, eu seria mesmo MUITO feliz sendo quem ELE quer que eu seja, presa na gaiolinha dourada idiota, com uma vida idiota. Marionete idiota presa nos dedos idiotas.

Odeio!!

Com que direito ele acha que pode dizer o que é certo ou não na MINHA vida? Com aquela arroganciazinha disfarçada. "Deixa que eu te ajudo", "Pode deixar que eu resolvo pra você", todo solícito, todo bonzinho. Com o subentendido (que vem depois) "Eu faço o que é bom pra SUA vida... VOCÊ tem que fazer o que EU acho certo"...

Defendo as fronteiras de minha casa! Do meu clã, meu espaço.
Minha casa/corpo, inclusive meu útero já amarrado e muitas vezes amordaçado...

CALEM-SE VOCÊS!! TODOS!!!

 Todos os que querem me manobrar e me submergir. Não venha me dominar que viro furacão furioso! Saia pra lá você com seu ar de dominação, cuspindo ordens tirânicas. Engula-as, engasgue-se, aproveite e morra!

Saia pra lá com seus vômitos de rancor, raiva e violência.

E se insistir em vir, estou pronta pra defender cada pedacinho do que sou, do que quero e do que acho certo! Ressoem os tambores, que estou a botar a faca nos dentes...

...............(pphhhfff... eu pensei mesmo "faca nos dentes"???)...............

Rio de mim, depois pisco, e tudo passa... que ira mais besta essa, que consegue ver o ridículo de si mesma...





Bom, pra vocês entenderem um pouco:
 O livro falava sobre 3 mulheres, 3 amigas, aparentemente com personalidades muitos diferentes. Era dividido em capítulos de interação entre elas, ou entre elas e o meio, com diálogos e tals, e os capítulos de "pensamentos" de cada uma, como os que postei aqui. Nesses capítulos, fica claro que elas não são tão diferentes, todas tem emoções fortes, que as angustiam. O objetivo era a medida que o livro fosse avançando, trazer algumas compreensões sobre essas emoções, com algumas soluções criativas, baseadas na minha experiência como terapeuta.
No fim, acabei descobrindo que sou péssima em fazer diálogos densos, que fiquem interessantes... Os de comédia até iam, ficava engraçado, mas os cabeçudos... afff... chaaaatos!!
Bemmm difícil esse negócio, gente... tenta aí pra ver!!
Além disso, o projeto do livro começou da idéia de uma pessoa com quem tive um relacionamento alguns anos atrás. Foi um daqueles casos de paixão avassaladora, que deixa a gente burra e transtornada. Sabe? Do tipo "infeliz sem ele, pior com ele", que toda mulher com mais de 30 anos já teve na vida. Ainda tenho algumas marcas desse relacionamento e fujo que nem diabo da cruz de qualquer homem que comece a fazer críticas demais (esse é um bom tema para um texto) ou que tenha valores muito diferentes dos meus. E quando começava a fazer os diálogos, ficava com a impressão que estava conversando com ele. E daí ninguém merece, certo? Portanto abandonei o livro... Quem sabe em algum momento da vida faço algum curso que ensine a escrever diálogos, e aí retomo...

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