quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Brincando de apaixonar




“Quem se apaixonou por um falsário, tem que desconstruí-lo para se desapaixonar. É um sufoco. Exige que você reconheça que foi seduzido por uma fantasia, que você é capaz de se deixar confundir, que o seu desejo de amar é mais forte do que sua astúcia. Significa encarar que alguém por quem você dedicou um sentimento nobre e verdadeiro não chegou a existir, tudo não passou de uma representação – e olha, talvez até não tenha sido por mal, pode ser que esta pessoa nem conheça a si mesma, por isso ela se inventa.”

Martha Medeiros



Claro que paixão faz parte do amor romântico e sim, amor romântico é adolescente... E porquê não? Transitar pela infância, adolescênca, maturidade, durante toda a vida me parece bom... Cada fase tem suas vantagens e desvantagens, e se chegamos em um estágio em que pode usufruir de tudo, melhor é...
Amor incondicional tem sua validade, amor romântico e paixão também... Mas creio que o mais importante dessa frase da Martha, é a desconstrução que quem se iludiu, tem que fazer...
Essas coisas são permitidas em duplas: quem se iludiu com a representação, entrou na peça também... Inventou um personagem para contracenar com o outro personagem... E desconstruindo o outro, desconstrói o que sente e se desconstrói também... Mas ao passar por essa desconstrução e reconstrução consequente, sai melhor do que entrou... Afinal, se descobre muita coisas de si mesmo estudando (e construindo) um personagem...

E talvez a paixão sirva para fazer cair os muros de auto-proteção que a mente, sábia que de crê, constrói...A mente cega, pára de se proteger, e assim permite que a intimidade consiga se estabelecer.... Com a intimidade vem a queda da ilusão, mas a paixão já construiu pontes, laços, abraços, admiração e tudo o mais, o suficiente para que a gente "aguente" a verdade, e até mesmo goste dela... E aí é que entra o crescimento... A não ser que você tenha (ou esteja com) medo da intimidade, que não deixe chegar perto, mantenha uma distância "segura", mesmo apaixonado... (na minha opinião, a vida sempre encontra um jeito... quanto mais você é resistente, mais vai ter que "perder a cabeça" de paixão...).

Paixão faz parte do instinto, da química, serve aos fins procriativos? É. Tudo isso. Mas afinal não somos mesmo feitos de carne e instintos também? Negar ou aceitar não vai fazer com que desapareça... Aprender a viver e direcionar saudavelmente creio que é o melhor caminho... Tipo: apaixone-se por quem faz bem a você... ;) ... E aproveite para ir aprendendo a amar pelo meio do caminho...


"Sabe o que eu quero de verdade?! Jamais perder a sensibilidade, mesmo que às vezes ela arranhe um pouco a alma. Porque sem ela não poderia sentir a mim mesma..." (Clarice Lispector)


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